Com overdose retrô, E3 mostra cautela dos games para apostar em novidades

Com overdose retrô, E3 mostra cautela dos games para apostar em novidades

Em busca de um futuro lucrativo, as produtoras de jogos estão olhando para o passado.

Esta foi a mensagem mais forte da edição deste ano da Electronic Entertainment Expo, a E3, principal feira de games do mundo. Novas versões de jogos antigos sempre foram parte da indústria de games, mas nunca com tanto destaque como neste ano.

A apresentação pré-evento da Microsoft teve como principal destaque o anúncio de que o Xbox One agora será compatível com jogos do agora antigo e nostálgico Xbox 360.

Por sua vez, a conferência da Sony brilhou por anunciar o remake de “Final Fantasy VII”, clássico jogo de RPG lançado em 1997, e também “The Last Guardian”, game mostrado pela primeira vez em 2009, mas que de lá pra cá havia sumido – a agora está de volta.

Já a Nintendo, notória por explorar com frequência suas marcas mais antigas, não foi diferente: o aniversário de 30 anos de “Super Mario Bros.” serviu para justificar o promissor “Super Mario Maker” e “Star Fox Zero” tenta matar as saudades dos fãs, que esperam há anos por um novo episódio da série para consoles.

A tendência é mais do que evidente por toda a feira. Um novo “Doom”, mais bonito e violento que os anteriores, é uma das grandes estrelas da E3, assim como “Fallout 4” e “Street Fighter 5”, versões renovadas de franquias antigas e consagradas.

Franquias originais

Mas será que tanta nostalgia acaba prejudicando a criação de séries novas, com temas e abordagens inéditas?

Não parece ser o caso. Ainda que em quantidade reduzida, temos visto nesta E3 uma boa leva de produções originais – inclusive, abrindo espaço para protagonistas femininas brilharem por suas habilidades e personalidades.

Tanto “ReCore”, da Microsoft, quanto “Horizon”, da Sony, mostram exploradoras lutando para sobreviver em mundos pós-apocalípticos, por exemplo.

Porém, criar uma nova marca é demorado e caro. Jogos de videogame hoje em dia apresentam mundos imensos e detalhados, com custos de produção que muito dificilmente abraçam a possibilidade de derrota.

Uma nova franquia tem que ser criada de forma cuidadosa, com a certeza de que vai encantar público o suficiente para, no mínimo, se pagar – o que não é fácil, poucas produtoras estão dispostas a correr esse tipo de risco.

Tecnologias do futuro

Novos aparelhos também apareceram, mas ainda de forma tímida. Visores de realidade virtual foram muito comentados, mas poucos jogos estão disponíveis para teste. Fica a impressão de que a tecnologia ainda não está pronta para ser mostrada de forma intensa.

O sucesso “Minecraft” foi usado pela Microsoft para exibir o HoloLens, óculos de realidade aumentada que projeta hologramas digitais no mundo real.

Impressionou, mas não ficou ainda muito claro como isso mudará a forma de jogar videogame. Parece mais uma perspectiva diferente do que efetivamente uma nova forma de interação, como a câmera Kinect e o controle de movimentos Wii Remote foram no passado.

Vale notar, esta onda retrô reflete também a mudança do público que joga videogame.

Muitas destas séries marcaram as vidas de crianças há duas ou mais décadas. Crianças que hoje já são adultos que trabalham, ganham seu próprio dinheiro e não dependem mais dos pais para comprar seus games dos sonhos.

Em muitos casos, jovens que hoje já têm filhos e querem apresentar os games da infância à nova geração.

Risco zero

Para garantir um futuro mais tranquilo, a indústria vive esse momento de ‘aposta segura’.

É muito mais garantido revisitar séries de sucesso em plataformas familiares do que mergulhar de cabeça em novas ideias e tecnologias – aliás, situação muito similar à que vive hoje a indústria cinematográfica, recorrendo a grifes de sucesso dos anos 80 e 90.

A overdose de nostalgia da E3 mostra um momento de cautela e espera do mundo dos games.

Enquanto novas tecnologias ainda se preparam para deslanchar, mundos, heróis e aventuras do passado garantem a alegria dos jogadores

 

Fonte: UOl

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