Nossa plataforma é a mais comprada no mercado Brasileiro, diz gerente geral do Xbox no País

Para Willen Puccinelli, fabricação nacional do Xbox One explica a liderança da Microsoft no país

Nossa plataforma é a mais comprada no mercado Brasileiro, diz gerente geral do Xbox no País

Naquela tarde abafada do mês de abril, Willen Puccinelli parece à vontade. Não poderia ser diferente: recostado em uma cadeira confortável na sede da Microsoft, na Torre Norte do edíficio WTC, em São Paulo, o gerente geral da linha Xbox no Brasil é o tipo de profissional que literalmente veste a camisa. Trajando uma camisa com a cor verde característica do console, ele conversou durante duas horas com a reportagem do IGN Brasil. O assunto: os planos da Microsoft para manter a liderança no mercado brasileiro de consoles de oitava geração.

“A gente realmente se engajou para fazer do Brasil a vanguarda e para estar entre os três principais países do mundo“, Puccinelli diz, referindo-se à lista de nações que mais compraram consoles Xbox (os dois primeiros são Estados Unidos e Grã-Bretanha). No momento, a Microsoft experimenta no Brasil uma posição privilegiada na guerra dos consoles da sétima e oitava gerações — tanto o Xbox 360 como o Xbox One são fabricados localmente, o que colabora para um preço reduzido em relação aos produtos do principal concorrente, o PlayStation da Sony.

 

 

“A gente é líder no mercado brasileiro oficial”, Puccinelli afirma. “Temos dados que comprovam que a nossa plataforma é a mais comprada no mercado brasileiro, e vamos continuar investindo para manter essa liderança e oferecer propostas para o consumidor.” A seguir, leia os melhores momentos da entrevista (ou assista ao vídeo acima).

Willen Puccinelli, na sede da Microsoft, em São Paulo (Foto: Gustavo Petró)

IGN Brasil: Qual a sua avaliação do ano de 2014 para o Xbox no Brasil?


Willen Puccinelli:
2014 foi o melhor ano de Xbox no Brasil da história. A gente teve um ano completo, com a oitava geração sendo produzida localmente e grandes avanços em relação a melhorar a proposta de valor. A Black Friday, junto com o Natal e o Dia das Crianças fizeram com que tivéssemos números recordes dentro do nosso meio de produção. Continuamos investindo para ter a melhor proposta de valor para os consumidores, com bundles inovadores, como o Xbox One com Call of Duty, FIFA 15, Assassin’s Creed. Também lançamos bundles muito agressivos para o Xbox 360.
Em segundo lugar, fizemos um trabalho muito forte de expandir a comunidade de Live no Brasil e no mundo. Terminamos 2014 com mais de oito bilhões de horas jogadas na Xbox Live. E o Brasil é um dos países mais ativos. Nossos consumidores são muito engajados, jogam com pessoas do mundo inteiro. Os fãs reconhecem que trouxemos a melhor proposta de exclusivos e também os melhores lançamentos com conteúdo exclusivo dentro da oitava geração. Expandimos o mercado de modo que vários consumidores tiveram seu acesso ao primeiro console pela oitava geração.
Tudo isso fez com que terminássemos 2014 muito contentes, mesmo com as dificuldades em relação à economia. A gente participou desse momento difícil, mas a indústria de games veio 100% na contramão. Ela cresceu mais de dois dígitos em 2014 e já começou 2015 com uma temporada que será bastante promissora.

Você pode falar sobre números de venda?
Não posso abrir números gerais, mas posso falar que, no geral, a gente terminou mundialmente com mais de 10 milhões de Xbox One e mais de 85 milhões de Xbox 360 [vendidos]. O Brasil hoje é o terceiro maior mercado para Xbox no mundo. Terminamos 2014 com todos os nossos objetivos atingidos de vendas, de expansão da comunidade de games e com todos os lançamentos. Trouxemos ao Brasil praticamente, ao mesmo tempo, todos os grandes lançamentos. A gente realmente se engajou para fazer do Brasil a vanguarda e para estar entre os três principais países do mundo.

 

O Brasil hoje é o terceiro maior mercado para Xbox no mundo. Terminamos 2014 com todos os nossos objetivos atingidos de vendas, de expansão da comunidade de games e com todos os lançamentos”

 

 

O plano foi ser agressivo porque a Microsoft sabia do potencial do Brasil, ou foi uma aposta da empresa que acabou dando certo?

Não, para nós o potencial do Brasil é uma realidade. Quando a gente implementou a fábrica de 360 e trouxemos o primeiro Xbox One produzido localmente, isso mostra um compromisso da Microsoft no país. O nosso investimento é porque já existe um potencial comprovado e resultados vindo disso. Por outro lado, o Brasil ainda é um potencial. Ainda há muitos domicílios que usam outras fontes de entretenimento que não o game. [Filme em] DVD é muito forte no Brasil, principalmente nas classes C e D. Televisão aberta também. Existe um grande potencial para expandir a forma de diversão que mais cresce no mundo. O mercado de games hoje é quatro vezes maior que o de Hollywood, é o principal setor de entretenimento do futuro. Todo investimento foi feito porque a gente tinha comprovado o potencial do Brasil, e o resultado veio desse compromisso em fazer o país ser um dos principais mercados do mundo.

E para 2015, o que esperar?

É um ano de altas expectativas. Temos algumas incertezas em relação a condição econômica do mercado brasileiro. Mas por outro lado, mesmo com essas dificuldades, a questão da inflação, da variação do câmbio, da retração do PIB — e tudo isso impacta o ecossistema como um todo –, o mercado de games tem potencial de continuar crescendo dois dígitos. A primeira razão é que a ainda temos a oportunidade de aumentar a penetração da sétima geração e também de migrar e aumentar a da oitava geração. A gente já viu no fim de 2014 o potencial que a oitava geração tem para vender, principalmente dentro da nossa proposta de valor e bundles bastante competitivos. Segundo, porque a gente continua trabalhando forte para ter as melhores propostas de valores para os nossos consumidores. Uma das grandes oportunidades para a economia do mercado varejista em 2015 vai ser o mercado de games.

Puccinelli durante a apresentação da Microsoft na Brasil Game Show 2014 (Foto: Divulgação)

Existe ainda uma aposta no Xbox 360 no Brasil? Como é trabalhar um console “antigo” ao lado de uma novidade que é o Xbox One, e lidar com esses consumidores tão diferentes?
Realmente, o Brasil ainda é uma grande oportunidade para a sétima e para a oitava geração. Temos consumidores diferentes. Então, temos propostas de valores que entregam um valor específico para cada tipo de consumidor. Aquele que não tem o dinheiro para investir em um console de nova geração pode adquirir um Xbox 360 e experimentar o que é o mercado de games, assinar uma Live e ter dois games grátis por mês, além dos games que oferecemos por R$ 29. Por outro lado, o consumidor mais gamer, os entusiastas por tecnologia, estão migrando muito mais rápido. Tanto no Brasil como no mundo, essa foi a migração entre plataformas mais rápida que já existiu na história. E faz sentido, estamos em um mercado diferente, o brasileiro é muito social, ele consome tecnologia. Isso faz com que tenhamos potencial para as duas plataformas juntas.

Mundialmente, o PS4 vende hoje mais do que o Xbox One. Talvez no Brasil isso seja o oposto por conta da fabricação nacional do Xbox e o preço mais competitivo. A Microsoft investiu na fabricação local justamente para tomar essa dianteira?
A gente é líder no mercado brasileiro oficial. Temos dados que comprovam que a nossa plataforma é a mais comprada no mercado brasileiro, e vamos continuar investindo para manter essa liderança e oferecer propostas para o consumidor. A grande ideia por trás de ter a produção local do Xbox One é oferecer ao brasileiro o mesmo compromisso e oportunidade que trouxemos para o 360. A gente olhou internamente para fazer o que acreditávamos que era melhor para o consumidor. Realmente foi um esforço muito grande, mas estamos muito contentes com os resultados.

A gente é líder no mercado brasileiro oficial. A ideia por trás da produção local do Xbox One é oferecer o mesmo compromisso e oportunidade que trouxemos para o 360″

 

 

No Brasil, a questão do preço do console é essencial, para não dizer a mais importante. Sempre que se fala de videogame novo, a discussão é quanto custa lá fora e quanto vai custar aqui. Caso vocês não conseguissem fabricar o console no Brasil, seria um grande problema para a empresa lançar o Xbox aqui por um preço, digamos, 40% mais alto? Ou olhando o preço de lançamento do PlayStation 4 [R$ 3999], a Microsoft teria coragem de lançar o Xbox One por muito mais?

É difícil dizer, porque é um caminho hipotético que a gente nunca avaliou. Sempre buscamos viabilizar a produção local. A gente entende que existe uma dificuldade de cadeia logística e de complexidade de impostos para se fazer qualquer operação importada. Então, a produção local é uma necessidade e uma grande oportunidade que a gente avaliou desde o início.

‘Nosso desafio é escutar a voz da comunidade’

Confira a segunda parte da entrevista com Willen Puccinelli, gerente geral da operação Xbox no país

 

Durante a guerra entre PlayStation 3 e Xbox 360, acreditava-se que o console da Sony tinha vantagem numérica no Brasil. Hoje, a Microsoft está na liderança confortável e a Sony precisa correr atrás. Como você enxerga essa “inversão”?
Como em qualquer indústria, o concorrente é um ponto importante de análise. Mas a filosofia da Microsoft para o Xbox é sempre olhar para o consumidor. A produção local realmente era o melhor caminho e a principal estratégia de oferecer ao mercado brasileiro um produto competitivo que também tivesse uma proposta de valor bastante forte. O Xbox One nos deu essa oportunidade no mercado brasileiro de estar nesta vanguarda. E a gente sabe que o bolo cresce quando todos os players trazem propostas e buscam inovar. O importante é a gente dar a opção ao consumidor de escolher a proposta que faça mais sentido para ele.

Se a Sony anunciar a fabricação local do PS4, a Microsoft prepara algum tipo de “contra-ataque” nesse sentido?
A gente não comenta a estratégia da concorrência. Mas como disse, o mais importante é que se tenha uma indústria brasileira forte, robusta, que a gente ofereça valor, proposta, diferenciação, e que o consumidor brasileiro continue enxergando que a indústria está investindo pra trazer novidades. Nesse contexto, todas as notícias são importantes e bem-vindas. Então, vamos manter muito forte nossa estratégia e compromisso com o Brasil, isso com certeza o consumidor pode esperar da gente.

Pergunta capciosa: quais as chances de você anunciar uma redução de preço do Xbox One no final do ano?
A questão de preço, como falei, é uma variável composta de muitas coisas que a gente que analisar ao longo de 2015: o cenário econômico, a matéria prima, a cadeia de valor… Então, em 2015, podem contar com a Microsoft para fazer as melhores análises. Vamos continuar investindo pra ter novas proposta de valor. A gente trouxe também bundles que tem mais valor agregado pelo mesmo preço, e isso também fez com que você tenha uma percepção de valor maior. A gente vai trabalhar cada vez mais com o melhor preço possível e com a melhor proposta de valor dentro do console e de game.

Qual é o desafio para o mercado brasileiro que vocês ainda querem transpor?

O nosso foco é oferecer cada vez mais soluções e produtos exclusivos para o consumidor brasileiro. Por exemplo, o bundle que a gente fez de Xbox One com FIFA 15 foi focado no mercado da América Latina, liderado pelo Brasil. Outro que lançamos agora é o bundle de Halo, que vem com o console branco e Halo: The Master Chief Collection, foi uma iniciativa do Brasil que foi expandida para outros mercados do mundo. Mas foi um pedido dos consumidores brasileiros. Nosso grande desafio é escutar a voz da nossa comunidade e atender com produtos que façam sentido para a realidade do nosso fã. Vamos ter grandes novidades nesse sentido.

O Xbox One modelo “piano white”, vendido no Brasil com Halo: The Master Chief Collection

O Brasil está muito distante da tendência mundial de comprar mais o game em versão digital?
O brasileiro ainda tem um comportamento de gostar de ir em loja, de buscar, interagir. Hoje em dia a gente tem cubos em que você consegue interagir com o Kinect dentro de loja, temos quiosques de demos… Então é sim uma tendência do Brasil ainda ter uma forte experimentação em loja. O mercado digital cresce muito, mas hoje eles estão bem equalizados em uma frequência que só a gente sabe. O Brasil tem outras coisas, troca, revenda, então tem essa dinâmica bem diferente. Nos Estados Unidos cresce muito o download, mas também tem ainda o espaço bem forte das lojas especializadas. É importante que a gente cada vez mais trabalhe com comportamento e preferências do consumidor cada um nos seus mercados.

O fundamental é a gente continuar fazendo esforço para entregar ao fã o que ele pede. Ele pediu um console competitivo porque queria ter acesso a essa tecnologia e não conseguia. Então, a indústria se movimentou para entregar isso”

 

Como você enxerga a guerra dos consoles no Brasil?
Nosso mercado é muito único, por uma razão que a gente sempre costuma falar: nós usamos a palavra “fã”. Por que a gente não usa só a palavra consumidor, cliente? Porque nosso mercado não é composto de consumidor, ele é composto de fã. E o fã tem certas características. O primeiro é a parte emocional muito forte. Gosto disso, gosto daquilo. Um paralelo com o mercado de futebol — você tem sua preferência de time, você sabe quando seu time tá entregando e quanto não tá, e muitas vezes você continua gostando ou abre opções. A verdade é, existem sim os apaixonados por game, existem preferências entre plataformas e eles são muito emocionais. O fundamental é a gente continuar fazendo nosso esforço para entregar para esse fã o que ele pede. Ele pediu um console competitivo porque isso era uma realidade, porque queria ter acesso a a essa tecnologia e não conseguia. Então, a indústria se movimentou para entregar isso.

Como você se sente quando lê comentários desses fãs?
É muito legal você trabalhar com algo que você gosta e que sente que as pessoas são apaixonadas. É um desafio enorme, porque a gente não entrega só produto, mas valor, sonho, experiência. Então quando você vê aquele game esperado que a Microsoft investiu e fez de tudo para chegar no Brasil, isso é mais do que ter um objetivo profissional realizado. É algo pessoal também, ter um prazer e satisfação pessoais muito forte. Porque aquele cara que está na loja à meia-noite, desesperado para comprar aquele game, ele não está fazendo isso porque é um consumidor. É porque ele é fã. Ajudar a entregar esse sonho na mão de alguém é incrível, é gratificante. Vendemos não só produtos, mas sonhos.

 

Fonte: IGN

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