Pro Evolution Soccer: lembre conosco uma história de mais de duas décadas

Pro Evolution Soccer: lembre conosco uma história de mais de duas décadas

2015 é um ano muito importante para a Konami: afinal de contas, é tempo de celebrar os 20 anos de uma de suas principais franquias. Enquanto a gente monta o bolo e apaga as velinhas, preparamos esse especial que relembra os principais momentos da série — dos tempos de Allejo e Beranco em International Superstar Soccer até os craques reais de PES 2016.

International Superstar Soccer (SNES, 1995)

Aqui foi onde tudo começou. International Superstar Soccer pode não ter sido a primeira tentativa da Konami para um jogo de futebol, e nem a primeira a ser vista de um ponto de vista isométrico: a EA chegou antes com o primeiro game da série FIFA em 1993, enquanto este jogo compartilhava muitas das características de seu predecessor 8-bit, Konami Hyper Soccer. Sem as licenças oficiais que o rival tinha, a Konami acabou inventando os nomes de seus jogadores. No entanto, eles se pareciam muito com suas versões reais: lembra do Sieke (Klinsmann, da Alemanha), do Galfano (Roberto Baggio, da Itália) e do Allejo (Bebeto, na primeira versão do game)?

“Eu não vi Pelé, mas vi Allejo”: uma frase que define uma geração de jogadores.

Havia uma mudança sutil neste jogo para os antepassados de futebol: o lado arcade dava espaço a uma simulação maior, com a presença de características como energia e atitude (as malditas carinhas roxas e azuis que deixavam um jogador ruim), e até mesmo um modo de treinamento exigente. Um pouco depois naquele mesmo ano, a Konami lançou uma versão Deluxe, com espaço para comentários e partidas cooperativas, deixando dois jogadores enfrentarem o computador. International Superstar Soccer pode não ter vencido FIFA em termos de vendas, mas mora até hoje no coração dos jogadores brasileiros — especialmente por sua versão estilosa de Nintendo 64 (na qual Allejo já era mais parecido como Ronaldo Fenômeno) e pela edição pirata Campeonato Brasileiro 96. “Forte bomba!”.

ISS Pro Evolution (PlayStation, 1999)

O insaciável apetite dos japoneses pelo futebol de videogames levou a Konami a criar duas séries em paralelo: a Konami Computer Entertainment de Osaka (KCEO) foi responsável pela série Perfect Eleven (ISS), enquanto a divisão de Tóquio (KCET) da empresa criou World Soccer Winning Eleven, lançado na América do Norte. Enquanto a franquia ISS continuou nas plataformas da Nintendo, foi a série Winning Eleven que levou a franquia a atingir um novo posto de importância no PlayStation, tornando-se logo um favorito dos fãs. Winning Eleven 4, ou ISS Pro Evolution, foi a mais notável das séries, com a criação da Master League. E, pela primeira vez, 16 times (e não seleções) foram adicionados ao jogo, embora seus atletas tenham sido substituídos por um bando de zé-ninguéns. (Ah, as licenças).

ISS_PES

Os jogadores tinham que tomar conta desse esquadrão de zeros à esquerda e transformá-los em um time galático, ganhando pontos ao vencer jogos contra as circunstâncias. Foi uma ideia que levou jogadores do mundo todo a criar sua própria história de sucesso, sendo um hit instantâneo com críticos e audiência no mundo todo. Hoje, a jogabilidade do game ainda permanece sofisticada, sendo que aprender a técnica do passe um-dois é a chave para o sucesso. A outra série da Konami ainda teve alguma sobrevida, mas quando ISS2 chegou à sexta geração de consoles, o game estava bem atrás de seu companheiro de empresa. Em 2003, a Konami deu o resultado: era melhor ter os onze vencedores do que os onze perfeitos.

Pro Evolution Soccer (PlayStation 2, 2001)

Pelé e Pepe. Ronaldo e Rivaldo. Chris James e Terry Butcher — os comentaristas em inglês do primeiro Pro Evolution Soccer. O mundo do futebol é cheio de grandes parcerias, e você pode colocar PES e o PlayStation 2 nessa lista. Pro Evolution Soccer (ou Winning Eleven 5) chegou ao PS2 em 2001, em um relacionamento que durou duas gerações de videogames — até ser encerrado em PES 2014, o último jogo do PlayStation 2, lançado uma semana antes da chegada do PS4 ao mercado.

Winning Eleven 6 final Evolution (GameCube, 2003)

Uma combinação de estranheza e excitação aconteceu entre os fãs do GameCube quando a Konami anunciou que levaria sua série principal de futebol — Winning Eleven — para um console da Nintendo. Foi o que certamente ajudou na criação da versão europeia de Pro Evolution Soccer 2, na época já percebido como um dos melhores games de futebol da época. Responsivo, cheio de ritmo e com muito equilíbrio, era um jogo com um grande controle, especialmente graças ao controle analógico octogonal do GC — até quem jogava com um DualShock 2 preferia essa versão. Os comentários entusiasmados da equipe japonesa eram um contraste refrescante aos esforços soporíficos de Peter Brackley e Trevor Brooking na versão inglesa. É o jogo de PES favorito dos hipsters — e da turma que adora jogar com um falso-9.

Pro Evolution Soccer 3 (PlayStation 2, 2003)

PES 3 foi quando a série começou a ter sua melhor forma, em uma corrida de qualidade que foi veloz até a chegada da série ao PS3. Aqui, a Konami mostrou jogadores de verdade até mesmo na capa, com craques do futebol europeu sendo saudados pelo árbitro Pierluigi Collina — aquele careca italiano que apitou a final da Copa do Mundo de 2002.

PES-3

No campos, nós vimos uma série de melhorias, com novo motor gráfico, gameplay mais rápido e físicas mais autênticas, resultando em movimentos melhores de bola e jogadores. PES 3 guarda algumas das melhores memórias deste escritor, com muitos games cooperativos e competitivos contra amigos e alguns DualShock 2 quebrados por tanta frustração após algumas partidas. PES 3 também foi a era dos arquivos opcionais — customizações que se tornaram tão flexíveis que alguns editores eram capazes de recriar uniformes reais e até os logos de patrocinadores. Em alguns casos, o resultado era ainda melhor que o licenciamento de FIFA.

 

Pro Evolution Soccer 5 and 6 (PlayStation 2, Xbox, 2005/6)

Ainda há uma grande discussão sobre qual desses dois (e alguns consideram PES 4 também) é o melhor jogo da série. Foram dois games incríveis para dois anos consecutivos com forças diferentes. PES 5 trazia significativos desafios, sendo um jogo que valorizava o passe graças ás suas duras defesas. Você realmente tinha de conquistar seus gols, trabalhando uma abertura nos zagueiros. Já PES 6, por outro lado, era um jogo mais fácil, cheio de dribles, tornando possível que jogadores tivessem mais controle e passassem pelas defesas com facilidade.

PES-5

PES 5 era mais próximo da realidade, mas as partidas tinham um tom amargo graças à dificuldade de penetração das defesas. PES 6, por outro lado, com sua facilidade de fazer gols, fazia o jogador se sentir como se tivesse uma conquista menor. No entanto, é a versão mais recente que tinha um melhor encontro entre autenticidade e entretenimento. E caso você se pergunte porque raios o Adriano sempre era muito bom no jogo, é fácil explicar: o produtor Shingo Takatsuka era um fã da Inter de Milão…

(Para a cultura brasileira gamer, esses dois jogos também foram muito importantes por um motivo: eles foram base para a criação de clássicos como BRAZUKAS e Bomba Patch. Cheios de imagens de garotas em poucas roupas, com narrações modificadas (de Sílvio Luiz a Galvão Bueno e Cleber Machado) e os times brasileiros sempre bombados, esses títulos fizeram a alegria de muito moleque sem grana no bolso (e dos camelôs) pelo país a fora).

PES 2008 (Wii, 2008)

O advento da sétima geração de consoles causou um pouco de problemas à Konami. Primeiro, havia o problema do título: com a EA Sports usando apenas dois dígitos para sua nova edição de FIFA, a Konami estava preocupada que quem não conhecesse a série direito assumisse que PES 7 estava um ano atrás de FIFA 08. Além disso, havia um problema com a própria mudança de hardware: no Ocidente, a migração já havia sido feita, mas no Japão muitos gamers continuaram com o PS2. PES 2008 se tornou conhecido por sua apresentação ruim e por seu péssimo lado online. A versão do Wii, no entanto, lançada no ano seguinte, foi triunfante.

À adição dos controles PlayMaker permitiu aos jogadores guiar seus colegas de time usando o Wii Remote. Era uma curva de aprendizado difícil — no primeiro momento, mover um jogador enquanto direcionava outro era que nem tentar assobiar e chupar cana –, mas esse approach inovador permitiu àqueles que conseguiam entender a mensagem fazer belos gols e jogadas incríveis. Criada em cima da engine do PS2, a versão do Wii tinha um modo online melhor que o PS3 e o Xbox 360, e até mesmo se dispunha a esquecer a Master League, incorporando em seu lugar a Champions Rode. Era um modo que permitia recrutar jogadores dos times que você tinha derrotado e adicioná-los ao seu esquadrão. O Wii não teve muitos clássicos de third-party, mas esse é sem dúvida um deles.

PES 2013 (PS3/Xbox 360, 2012)

Por quase toda a sétima geração de consoles, a Konami estava correndo pelas beiradas, enquanto a série da EA Sports estabeleceu não só como uma escolha do público em geral, como também passou a dominar os fãs sérios de futebol — o que já foi o território de PES. É um lado triste de uma série longa: ninguém espera que uma grande franquia dê certo por tanto tempo sem uma pequena variação em seus graus de sucesso.

PES 2009 viu a Konami ter a licença da Champions League pela primeira vez, e apesar de fãs do futebol inglês terem de aturar times como Man Blue e West Midlands Village, a maior parte dos times europeus estava bem representado. PES 2011 chegou perto de capturar aquela mágica de novo, mas não foi até PES 2013 — o último game da série a ter a velha engine antes da entrada da Fox Engine — que nós tivemos o feeling antigo da série. Alguns podem dizer que isso é blasfêmia, mas este jogo tinha os melhores passes de qualquer jogo da série PES. Pode não ser um game consistente como PES 5 ou PES 6, mas que se dane a nostalgia: esse provavelmente traz um futebol mais bacana do que seus antepassados.

PES 2015 (PS4/Xbox One, 2014)

E chegamos ao game do ano passado: que tinha um resultado interessante. O game apareceu depois do grande tropeço de PES 2014, com a equipe da Konami falhando em entender a Fox Engine para um game de futebol. O hardware da antiga geração também não suportava bem o motor criado pela Kojima Productions, e o resultado foi um game bugado. Em PES 2015, porém, as coisas foram um pouco diferentes.

Os problemas de PES 2014 não foram totalmente erradicados em PES 2015, mas foram reduzidos a um grau interessante. Aqui, há um PES rodando a 1080p e 60 fames por segundo, com uma boa inteligência artificial e uma física plausível. Com um novo time comandando os licenciamentos e a chegada do myClub — uma resposta de PES à Ultimate Team — a Konami mostrou que poderia bater de frente com FIFA. Foi um esforço bem recompensado pela crítica: PES 2015 foi o melhor game de esportes da Gamescom e da Paris Games Week, e os reviews foram os melhores em anos. E agora, será que a série continua no caminho das vitórias?

 

Fonte: IGN

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